Por João Victor Andolfo Vitorino (105485)

O Hip Hop não é apenas um estilo musical: é um movimento cultural que surgiu da resistência e criatividade das comunidades periféricas. Ele se construiu em quatro elementos principais :
MC (rap), DJ, breakdance e grafite. Ao longo do tempo se expandiu para se tornar uma das maiores expressões culturais do planeta.
https://www.iconcollective.edu/hip-hop-history
Anos 1970: As Origens no Bronx

O cenário era o Bronx, em Nova Iorque, um bairro marcado pela pobreza, violência, racismo e falta de oportunidades para jovens negros e latinos, nesse contexto de exclusão social, os jovens transformaram ruas e festas em espaços de criação cultural.
DJ Kool Herc, jamaicano radicado nos EUA, é considerado o pai do Hip Hop. Em 1973, ele organizava festas onde alongava as batidas das músicas (os breaks), criando uma base perfeita para dançarinos improvisarem. Junto aos DJs, surgiram os MCs, responsáveis por animar o público e rimar sobre batidas, dando origem ao rap, o Grafite florescia como arte visual de resistência nas paredes e metrôs da cidade.
Anos 1980: A Consolidação do Movimento

O Hip Hop começa a ganhar projeção além do Bronx, Grandmaster Flash and the Furious Five se destacam como um dos primeiros grupos a abordar questões sociais, com músicas como ‘The Message’, Afrika Bambaataa com a Universal Zulu Nation, organizava o movimento em torno de paz, união, amor e diversão, assim também o breakdance chega à mídia, com grupos como Rock Steady Crew levando as batalhas de dança para o cinema e televisão e pelos arredores dos EUA o rap se diversifica com nomes como Run-D.M.C. e LL Cool J, que trazem o estilo para o mainstream (industria popular da música).
https://hiphopheadsza.medium.com/the-message-by-grandmaster-flash-and-the-furious-five-8f4ccaa6772f
Anos 1990: A Era de Ouro

O período é conhecido como “Golden Age of Hip Hop”, marcado pela diversidade de estilos, lirismo e criatividade. A cena se divide em costa leste e costa oeste:
Na costa leste, nomes como Nas, Notorious B.I.G., Wu-Tang Clan se destacam com letras profundas e beats inovadores. Na costa oeste, artistas como Tupac Shakur, Dr. Dre, Snoop Dogg trazem o gangsta rap, retratando a realidade das ruas. Surge a cultura dos clipes musicais, com a MTV impulsionando a estética do Hip Hop. Fora dos EUA, o movimento se espalha pelo mundo, inclusive chegando ao Brasil com força.
O Hip Hop no Brasil

No Brasil, o Hip Hop começou a se estruturar no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, principalmente em São Paulo, onde a periferia encontrou na música, na dança e no grafite um espaço de expressão e resistência.
Foi nesse cenário que os Racionais MC’s se consolidaram como a principal voz do rap nacional, traduzindo a dura realidade das quebradas em músicas emblemáticas, como ‘Diário de um Detento’. Ao lado deles, nomes como Sabotage, DMN, Thaíde & DJ Hum e Facção Central também marcaram época, ajudando a firmar a identidade do movimento. Nesse mesmo período, o grafite ganhava as ruas com a arte de Os Gêmeos, enquanto o breakdance se espalhava pelas periferias, tornando-se linguagem corporal de uma geração.
https://wikifavelas.com.br/index.php/Racionais_MC%27s
Anos 2000: Globalização e Comercialização

Nos anos 2000, o Hip Hop já havia se consolidado como a maior indústria musical do mundo. Nos Estados Unidos, artistas como Jay-Z, Eminem, 50 Cent, Missy Elliott e Kanye West dominaram as paradas de sucesso, misturando rap com R&B e pop, o que ampliou ainda mais o alcance do gênero. No Brasil, uma nova safra de artistas surgiu para renovar a cena, como Emicida, Criolo e Projota, que conseguiram dialogar com diferentes públicos sem perder a conexão com as raízes do rap nacional.
https://www.yellowbrick.co/blog/music/the-evolution-of-2000s-rap-music
Anos 2010: O Domínio Global

Já na década de 2010, o rap ultrapassou o rock e o pop, tornando-se o gênero mais ouvido no mundo. Nessa fase, nomes como Kendrick Lamar, Drake, J. Cole, Travis Scott, Nicki Minaj e Cardi B levaram o estilo a novas dimensões, transformando o Hip Hop em movimento estético e político, conectado a pautas como racismo, feminismo e resistência social. No Brasil, a cena também se fortaleceu, com artistas como Djonga, Rashid, Karol Conká e Flora Matos conquistando cada vez mais espaço, enquanto as batalhas de freestyle, como a Batalha da Aldeia, ganharam projeção nacional e revelaram novos talentos da música urbana.
Mapa: Alguns clássicos e Hits do Hip Hop pelo mundo
O Hip Hop atualmente:
Hoje, o Hip Hop não é apenas música: é um modo de vida global. Presente na moda, no cinema, na publicidade, nas redes sociais e nas lutas sociais, o movimento segue em constante transformação. Quase cinquenta anos após o seu surgimento, ele mantém viva a essência que nasceu no Bronx: ser a voz da periferia, da resistência e da criatividade popular.